Relações e Funções

Aplicações das relações e funções no cotidiano

Ao lermos um jornal ou uma revista, diariamente nos deparamos com gráficos, tabelas e ilustrações. Estes, são instrumentos muito utilizados nos meios de comunicação. Um texto com ilustrações, é muito mais interessante, chamativo, agradável e de fácil compreensão. Não é só nos jornais ou revistas que encontramos gráficos. Os gráficos estão presentes nos exames laboratoriais, nos rótulos de produtos alimentícios, nas informações de composição química de cosméticos, nas bulas de remédios, enfim em todos os lugares. Ao interpretarmos estes gráficos, verificamos a necessidade dos conceitos de plano cartesiano e de produto cartesiano.

Ao relacionarmos espaço em função do tempo, número do sapato em função do tamanho dos pés, intensidade da fotossíntese realizada por uma planta em função da intensidade de luz a que ela é exposta ou pessoa em função da impressão digital, percebemos quão importantes são os conceitos de funções para compreendermos as relações entre os fenômenos físicos, biológicos, sociais...

Observamos então que as aplicações de plano cartesiano, produto cartesiano, relações e funções estão presentes no nosso cotidiano.


Valores assumidos por uma ação numa Bolsa de Valores


O Plano Cartesiano

Referência
histórica
Os nomes Plano Cartesiano e Produto Cartesiano são homenagens ao seu criador René Descartes (1596-1650), filósofo e matemático francês. O nome de Descartes em Latim, era Cartesius, daí vem o nome cartesiano.

O plano cartesiano ortogonal é constituído por dois eixos perpendiculares entre si ( OX e OY ) que se cruzam na origem. O eixo horizontal é o eixo das abscissas (eixo OX) e o eixo vertical é o eixo das ordenadas (eixo OY). Associando a cada um dos eixos o conjunto de todos os números reais, obtém-se o plano cartesiano ortogonal. Cada ponto P(a,b) do plano cartesiano é formado por um par ordenado de números, indicados entre parênteses, a abscissa (a) e a ordenada (b) respectivamente. Este par ordenado representa as coordenadas (a,b) do ponto P.

O primeiro número indica o deslocamento a partir da origem para a direita (se for positivo) ou para a esquerda (se for negativo).
O segundo número indica o deslocamento a partir da origem para cima (se for positivo) ou para baixo (se for negativo).
Observe no desenho, em anexo, que: (a,b) diferente de (b,a) se a diferente de b.

Os dois eixos dividem o plano em quatro regiões denominadas quadrantes sendo que tais eixos são retas concorrentes na origem do sistema formando um ângulo reto (90 graus). Os nomes dos quadrantes são indicados no sentido anti-horário, conforme a figura (com as cores da bandeira do Brasil, em homenagem ao "penta").


Produto Cartesiano

Dados dois conjuntos A e B não vazios, definimos o produto cartesiano entre A e B, denotado por AxB, como o conjunto de todos os pares ordenados da forma (x,y) onde x pertence ao primeiro conjunto A e y pertence ao segundo conjunto B.

AxB = { (x,y): xpertence aA e ypertence aB }

Observe que AxBdiferente deBxA, se A é não vazio ou B é não vazio. Se A=Ø ou B=Ø, por definição: AxØ=Ø=ØxB.

Se A possui m elementos e B possui n elementos, então AxB possui mxn elementos.

Exemplo: Dados A = {a, b, c, d} e B = {1, 2, 3}, o produto cartesiano AxB, terá 12 pares ordenados e será dado por:

AxB={(a,1),(a,2),(a,3),(b,1),(b,2),(b,3),(c,1),(c,2),(c,3),(d,1),(d,2),(d,3)}


Relações no Plano Cartesiano

Sejam A e B conjuntos não vazios. Uma relação em AxB é qualquer subconjunto R de AxB.

A relação mostrada na figura acima é:

R = {(a,3), (b,3), (c,2), (c,3), (d,2), (d,3)}

Como, por exemplo, (a,3) R, isto significa que a está relacionado a 3 por R.
Podemos, ainda dizer que R relaciona a a 3 e escrever aR3.

A relação R em AxB pode ainda ser dita R de A em B e ser denotada por R: AB.

Exemplo: Se A={1,2} e B={3,4} então AxB={(1,3),(1,4),(2,3),(2,4)} e neste caso, temos algumas relações em AxB:


Domínio, Contradomínio e Imagem de uma Relação

Nem sempre uma relação está definida sobre todo o conjunto universo. As relações mais importantes são aquelas definidas em subconjuntos.
Para evitar problemas, pode-se definir uma relação R: AB, da seguinte forma:

O conjunto A é o domínio da relação R, denotado por Dom(R),
O conjunto B é o contradomínio da relação R, denotado por CoDom(R) e
A imagem é o subconjunto de B, efetivamente usado pela relação R.

Dom(R) = {xpertence aA : existe y pertence aB tal que (x,y)pertence aR}
Im(R)    = {ypertence aB : existe x pertence aA tal que (x,y)pertence aR}

Exemplos e representações gráficas de relações em AxB

R1 = {(a,1),(a,2),(a,3),(b,1),(b,2),(b,3),(c,1), (d,1),(d,2),(d,3)}

Dom(R1) = { a , b , c , d }

CoDom(R1) = { 1 , 2 , 3 }

Im(R1) = { 1 , 2 , 3 }
R2 = {(a,1),(a,2),(c,3),(d,1)}

Dom(R2) = { a , b , c , d }

CoDom(R2) = { 1 , 2 , 3 }

Im(R2) = { 1 , 2 , 3 }
R3 = {(a,1),(b,1),(b,3),(c,3),(d,3)}

Dom(R3) = { a , b , c , d }

CoDom(R3) = { 1 , 2 , 3 }

Im(R3) = { 1 , 3 }


Relações Inversas

Seja R uma relação de A em B. A relação inversa de R, denotada por R-1, é definida de B em A por:

R-1 = {(y,x)pertence aBxA : (x,y)pertence aR}

Exemplo: Sejam A={a,b,c}, B={d,e,f} e R uma relação em AxB, definida por:

R={(a,d),(a,f),(b,d),(b,e),(b,f),(c,d),(c,f)}. Então:

R-1 = {(d,a),(f,a),(d,b),(e,b),(f,b),(d,c),(f,c)}

Observação importante:
O gráfico da relação inversa R-1 é simétrico ao gráfico da relação R, em relação à reta y=x (identidade).


Propriedades de Relações

Ver, ainda:
Outros exemplos


Relações de Equivalência

Uma relação R sobre um conjunto A não vazio é chamada relação de equivalência sobre A se, e somente se, R é reflexiva, simétrica e transitiva.

Exemplo: Se A={a,b,c} então a relação R em AxA, definida abaixo, é de equivalência:

R={(a,a),(b,b),(c,c),(a,c),(c,a)}


Funções no Plano Cartesiano

Referência
histórica
Leonhard Euler (1707-1783), médico, teólogo, astrônomo e matemático suíço, desenvolveu trabalhos em quase todos os ramos da Matemática Pura e Aplicada, com destaque para a Análise - estudo dos processos infinitos - desenvolvendo a idéia de função. Foi o responsável também pela adoção do símbolo f(x) para representar uma função de x. Hoje, função é uma das idéias essenciais em Matemática.

Uma função f de A em B é uma relação em AxB, que associa a cada variável x em A, um único y em B.

Uma das notações para uma função de A em B, é:

f: AB

Quatro aspectos chamam a atenção na definição apresentada:

Estas características nos informam que uma função definida num intervalo I real pode ser vista geometricamente como uma linha no plano, contida em IxB, que só pode ser "cortada" uma única vez por uma reta vertical, qualquer que seja esta reta passando por I.


Relações que não são funções

A relação R = {(x,y)pertence aR2: x2 + y2 = a2} não é uma função, pois se tomarmos a reta vertical (linha tracejada no desenho) , teremos duas correspondentes ordenadas (y1 e y2) para a mesma abscisa x = 3a/5.

Dom(R) = I = [-a,a]
Im(R) = [-a,a].

Seja A={a,b,c,d} e B={1,2,3}. A relação R4={(a,1), (a,3), (b,2), (c,3), (d,3)} não é uma função em AxB, pois associado ao mesmo valor a existem dois valores distintos, que são 1 e 3.
Seja A={a,b,c,d} e B={1,2,3}
A relação R5={(a,1), (a,3), (b,2), (c,3)} não é uma função em AxB, pois nem todos os elementos do primeiro conjunto A estão associados a elementos do segundo conjunto B.


Exemplos importantes de funções reais
( f: RR , onde R = conjunto dos números reais )


Domínio, Contradomínio e Imagem de uma função

Como nem toda relação é uma função, às vezes, alguns elementos poderão não ter correspondentes associados para todos os números reais e para evitar problemas como estes, costuma-se definir o Domínio de uma função f, denotado por Dom(f), como o conjunto onde esta relação f tem significado.

Consideremos a função real que calcula a raiz quadrada de um número real. Deve estar claro que a raiz quadrada de -1 não é um número real, assim como não são reais as raízes quadradas de quaisquer números negativos, dessa forma o domínio desta função só poderá ser o intervalo [0,+infinito), onde a raiz quadrada tem sentido sobre os reais.

Como nem todos os elementos do contradomínio de uma função f estão relacionados, define-se a Imagem de f, denotada por Im(f), como o conjunto de todos os elementos do contradomínio que estão relacionados com elementos do domínio de f, isto é:

Im(f) = { ypertence aB : existe xpertence aA tal que y = f(x) }

Note que se uma relação R é uma função de A em B, então A é o domínio e B é o contradomínio da função e se x é um elemento do domínio de uma função f, então a imagem de x é denotada por f(x).

Exemplos


Funções Injetoras, Sobrejetoras e Bijetoras

Uma função f: A B é injetora se dois elementos distintos quaisquer de A sempre duas têm imagens distintas em B, isto é:

x1 diferente de x2 implica que f(x1) diferente de f(x2)
ou
f(x1) = f(x2) implica que x1 = x2

Exemplos

Uma função f: AB é sobrejetora se todo elemento de B é a imagem de pelo menos um elemento de A. Isto equivale a afirmar que a imagem da função deve ser exatamente igual ao contradomínio da função = B, ou seja, para todo y em B existe x em A tal que y = f(x).

Exemplos

Uma função f: AB é bijetora se ela é ao mesmo tempo injetora e sobrejetora.

Exemplo: A função f: R R dada por y = f(x) = 2x é bijetora, pois é injetora e bijetora.


Funções Pares e Ímpares

Uma função real f é par se, qualquer que seja xDom(f), tem-se que f(x) = f(-x).
Uma função par possui o gráfico simétrico em relação ao eixo vertical OY.

Exemplo: A função real definida por y = f(x) = x2 é par, pois: f(-x) = (x)2 = x2 = f(x).
Observe a simetria do gráfico de f.

Outra importante função par é aquela definida por
g(x) = cos(x), pois g(-x) = cos(-x) = cos(x) = g(x).

Uma função real f é ímpar se, qualquer que seja xDom(f), tem-se que f(-x) = -f(x).
Uma função ímpar possui o gráfico simétrico em relação à origem do sistema cartesiano.

Exemplo: As funções reais definidas por
y = f(x) = 5x e y = g(x) = sen(x) são ímpares, pois
f(-x) = 5(-x) = -5x = -f(x) e
g(-x) = sen(-x) = -sen(x) = -g(x).

No gráfico em anexo pode-se ver a simetria no gráfico da função f.


Funções crescentes e decrescentes

Uma função f é crescente, se quaisquer que sejam x1 e x2 no Domínio de f, com x1<x2, tivermos f(x1)<f(x2).
Isto é, conforme o valor de x aumenta, o valor da imagem de x pela função também aumenta.

Exemplo: Seja a função f: RR definida por y = f(x) = 8x+2.
Tomando em particular os valores: x1 = 1 e x2 = 2, teremos que f(x1) = 10 e f(x2) = 18.
Como o gráfico de f é uma reta, x1<x2 e f(x1)<f(x2) então a função é crescente.

Uma função f é decrescente, se para quaisquer x1 < x2 em Dom(f), tivermos f(x1)>f(x2).
Isto é, conforme o valores de x aumentam, os valores da imagem de x pela função f diminuem.

Exemplo: Seja a função f: R R definida por y = f(x) = -8x+2.
Tomando em particular: x1 = 1 e x2 = 2, teremos que f(x1) = -6 e f(x2) = -14.
Como o gráfico de f é uma reta, x1<x2 e f(x1)>f(x2), a função é decrescente.


Funções Compostas

Seja f: AB, g:BC duas funções. Chama-se composta de f com g, denotada por gof, a função definida por gof(x) = g(f(x)). A expressão gof pode ser lida como "g bola f".
Para que a composição ocorra o Im(f) deve ser subconjunto de Dom(g).

Exemplo: Sejam as funções reais definidas por f(u) = 4u+2 e g(x) = 7x–4.
A composições fog e gof são possíveis e neste caso serão definidas por:

(fog)(x) = f(g(x)) = f(7x – 4) = 4(7x – 4) + 2 = 28x – 14
(gof)(u) = g(f(u)) = g(4u + 2) = 7(4u + 2) – 4 = 28u + 10

Como a variável u não é importante no contexto de uma função, ela poderia ser substituída por x e teríamos:

(gof)(x) = g(f(x)) = g(4x + 2) = 7(4x + 2) – 4 = 28x + 10

De um modo geral, fog é diferente de gof.

Exemplo: Consideremos as funções reais definida por f(x) = x2+1 e g(x )= 2x–4. Então:

(fog)(x) = f(g(x)) = f(2x–4) = (2x–4)2+1 = 4x2–16x+17
(gof)(x) = g(f(x)) = g(x2+1) = 2(x2+1)–4 = 2x2 -2


Funções Inversas

Dada uma função bijetora f: AB, denomina-se função inversa de f à função
g:BA tal que se f(a) = b, então g(b) = a, quaisquer que sejam aA e bB.
Denotaremos a função inversa de f por f-1.

Observação: Uma característica importantíssima aqui é que se g é a inversa de f, f é a inversa de g e valem as relações:

gof = IA     e    fog = IB

onde IA e IB são, respectivamente, as funções identidades nos conjuntos A e B. Esta característica algébrica nos permite afirmar que os gráfico de f e de sua inversa de f são simétricos em relação à função identidade (y = x).

Exemplo: Sejam A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {2, 4, 6, 8, 10}.
Consideremos a função f: AB definida por f(x) = 2x e g: BA definida por g(x) = x/2. Obervemos nos gráficos abaixo as situações das setas indicativas das ações das funções.


Processo algébrico para obter a inversa de uma função

Seja f: RR, dada poy y = f(x) = x+3.
Na equação y = x+3, trocando x por y e y por x, teremos x = y+3 e isolando y obteremos y = x–3.
Assim, g(x) = x–3 é a função inversa de f(x) = x+3.

Podemos confirmar o resultado (exercício) mostrando que
fog = gof = Identidade.

Com o gráfico podemos observar a simetria em relação à reta identidade.


Operações com Funções

A partir de funções f e g, podemos realizar algumas operações, entre as quais:


Funções Polinomiais

Uma função polinomial real tem a forma

f(x) = anxn + an-1xn-1 + ... + a1x + ao

e ela tem as seguintes características:

Dom(f) = R CoDom(f) = R Im(f)=???

Exemplo: A área de um quadrado pode ser representada pela função real f(x) = x2 onde x é a medida do lado do quadrado, enquanto que o volume de um cubo pode ser dado pela função real f(x) = x3 onde x é a medida da aresta do cubo.


Aplicação da função polinomial

As funções polinomiais são extremamente úteis na vida. Uma aplicação simples pode ser realizada quando se pretende obter o volume de uma caixa (sem tampa) na forma de paralelepípedo que se pode construir com uma chapa metálica quadrada com 20 cm de lado, com a retirada de pequenos quadrados de lado igual a x nos quatro cantos da chapa.

V(x)=(20-2x)2.x

Com esta função, é possível obter valores ótimos para a construção desta caixa.


Página construída por Rossana M. M. Pereira e Ulysses Sodré
Atualizada por Milton Procópio de Borba

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